segunda-feira, 26 de setembro de 2011

40º Encontro Nacional reafirma: “Educação não é fast-food”


Campanha foi tema de debate da segunda mesa de evento. Proibição de circulação do material gráfico continua valendo.

Mesa-redonda debateu a campanha "Educação não é fast-food" (foto: Diogo Adjuto) 

Em um encontro que reúne conselheiros/as e assistentes sociais de base dos CRESS das 27 unidades federativas do país, não podia faltar o debate sobre a campanha “Educação não é fast-food: diga não para a graduação à distância em Serviço Social”. E no segundo dia do 40º Encontro Nacional CFESS-CRESS, que acontece em Brasília (DF) entre os dias 8 e 11 de setembro, a temática “Formação com Qualidade” guiou os debates da mesa-redonda da manhã dessa sexta-feira.

O representante do Sindicato Nacional dos Docentes de Ensino Superior (ANDES-SN), Francisco Jacó da Silva, deu início aos trabalhos da mesa reafirmando o posicionamento da entidade de que “toda formação básica deve ser presencial, independentemente da profissão”. Assim, ele ressaltou a importância da campanha do Conjunto CFESS-CRESS, ABEPSS e ENESSO para a defesa da educação presencial, pública, laica e de qualidade.

O representante do ANDES enfatizou a importância do ensino presencial para formação do indivíduo, no âmbito pessoal e profissional, enquanto sujeito capaz de fazer uma leitura crítica da realidade e intervir sobre ela. “O Ensino à Distância (EaD) não permite a interação humana, fundamental no processo educacional”, completou. 

Jacó fez também críticas à maneira como o governo brasileiro vem tratando a política de educação, dando destaque à precarização das condições de trabalho dos/as docentes. Nesse sentido, o representante do ANDES fez questão de ressaltar a campanha nacional pela Aplicação de 10% do PIB na Educação Pública, que o CFESS ingressou em julho deste ano.


Francisco Jacó, do ANDES-SN, defendeu: “toda formação básica deve ser presencial, independentemente da profissão” (foto: Diogo Adjuto) 

Em seguida, a estudante de Serviço Social e Coordenadora Nacional de Formação Profissional da ENESSO, Rayara Fernandes, falou da impossibilidade de tratar do tema “Educação com qualidade” sem analisar a conjuntura neoliberal capitalista. “Este sistema econômico privilegia o capital, por isso não nos atende”, afirmou. Ela também questionou a graduação à distância em Serviço Social, afirmando que o modelo não garante a formação profissional necessária do/a profissional para uma intervenção crítica da realidade.

Para finalizar, a representante da ENESSO ressaltou a campanha “Educação fast-food”, explicando que a mesma é extremamente assertiva ao criticar o modelo de educação adotado pelo Estado, que legitima o ensino aligeirado para atender o capital.

A coordenadora nacional de Graduação da ABEPSS, Maria Helena Elpídio, abordou o tema no âmbito das diretrizes curriculares da Associação, defendendo o “projeto de formação profissional com qualidade como componente de materialização e enraizamento do Projeto Ético-político”.

Para Maria Helena, o debate sobre a qualidade da formação profissional possui alguns pressupostos que devem ser ressaltados, como a educação enquanto princípio formativo e direito universal e a indissociabilidade entre formação e exercício profissional. 

Nesse sentido, a representante da ABEPSS reafirmou o projeto de formação com qualidade do Serviço Social Brasileiro. “Estamos falando da construção de um perfil profissional capaz de decifrar a realidade e intervir de forma crítica e propositiva; de uma realidade social dinâmica e complexa que precisa ser desvelada no exercício de apreensão da totalidade e das contradições que se expressam no exercício profissional ; e, principalmente, de uma ação profissional que considere um conjunto de habilidades que articulem as dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa para intervir de forma coerente com o projeto de profissão”, explicou.

Maria Helena também apontou o crescimento da modalidade do ensino à distância como uma das marcas mais evidentes da precarização, mercantilização e negação da educação como um direito, ressaltando assim, a visibilidade que a campanha “Educação não é fast-food” deu à questão.

Para finalizar, a representante da ABEPSS trouxe dados sobre os cursos de graduação à distância. “Hoje são 651 pólos no Brasil, 263 no sudeste e sul; 25 pólos no Norte, sendo 4 no Amazonas. Ou seja, a região Norte continua desprovida”, criticou.

Já a conselheira e coordenadora da Comissão de Formação do CFESS, Juliana Iglesias Melim, atacou a postura do Judiciário brasileiro que, por liminar impetrada pela Associação Nacional dos Tutores de Educação à Distância (Anated), proibiu, desde o último dia 10 de agosto, a veiculação da campanha. “É lamentável que em uma sociedade democrática não seja garantida a liberdade de expressão. Isto é censura. Vamos recorrer para podermos manifestar nossa opinião em defesa de uma política pública que viabilize a educação como direito de todos/as, e não como mercadoria”, afirmou.

Juliana fez questão de destacar que, segundo manifestação jurídica do CFESS, aprovada no último dia 9/9 pelo Conselho Pleno, o alcance da liminar diz respeito somente ao material gráfico, portanto o slogan “Educação não é fast-food” continuará sendo utilizado.

A conselheira do CFESS traçou o histórico do debate do Conjunto CFESS-CRESS acerca do tema até chegar à criação da campanha que, segundo ela, vem reafirmar o posicionamento do Serviço Social em defesa da educação pública, presencial, laica e de qualidade. “Preconceituosa e discriminatória é essa política de governo que destina pouco mais de 3% dos recursos públicos para a educação e mais de 40% para amortização e pagamento de juros da dívida”, disse.

Ao final, Juliana convocou, mais uma vez, os/as assistentes sociais para se mobilizarem e seguirem firmes no posicionamento e na luta para que a educação não seja tratada de forma aligeirada e sem qualidade. Retomando as palavras de Sebastião Salgado, ela afirmou: “os/as trabalhadores produzem a riqueza, mas não usufruem dela, aumentam a produção de bens, mas não podem consumi-los. Desenvolvem novos recursos, mas são relegados/as à formação de um exército de reserva de mão de obra, ou vivem as mazelas do trabalho precário. Porém, somente os/as trabalhadores serão capazes de “criar um mundo novo”, revelar a nova vida, recordar que existe um limite, uma fronteira para tudo, menos para o sonho humano. É tempo de organizar a luta e fortalecer a resistência”, finalizou.

Veja também: Começa o 40º Encontro Nacional CFESS-CRESS 

Conselho Federal de Serviço Social - CFESS
Gestão Tempo de Luta e Resistência – 2011/2014
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